A história da Fast Fashion pode ser rastreada desde o final do século XIX e início do século XX, mas a sua forma moderna surgiu no final do século XX e, desde então, tornou-se uma força dominante na indústria global da moda. Aqui está uma visão geral da sua história e dos seus principais desenvolvimentos:
Origens
As primeiras fábricas de produção de vestuário surgiram no final do século XVIII, coincidindo com a Revolução Industrial, que viu a invenção de máquinas como a bomba de água, a máquina de costura e o tear mecânico, levando à mecanização da indústria têxtil. Essa transição da produção manual para a produção em massa nas fábricas foi impulsionada pela necessidade de produção mais rápida, barata e eficiente.
O advento do tamanho padrão na década de 1880 e o surgimento das lojas de roupa nas cidades americanas aceleraram ainda mais a tendência de vestuário produzido em massa.
No início do século XIX, a necessidade de roupas prontas para o uso por marinheiros, escravos e mineiros impulsionou a produção inicial de vestuário em massa, estabelecendo as bases para a posterior expansão e mecanização da indústria.

Pós-Segunda Guerra Mundial (Final dos anos 1940–1950)
Após a Segunda Guerra Mundial, muitos países—especialmente no Ocidente—entraram num período de crescimento económico, expansão industrial e aumento do consumismo. Com o fim das restrições da guerra, as pessoas estavam ansiosas por disfrutar de novos produtos e estilos. A produção de roupas, que havia sido amplamente utilitária durante a guerra, começou a focar-se novamente na estética e na expressão pessoal.
A produção em massa de roupas expandiu-se, especialmente nos EUA e na Europa, devido aos avanços tecnológicos e ao crescimento da classe média. Lojas de retalho e catálogos começaram a oferecer versões acessíveis da moda de alta costura, tornando-o mais acessível. A moda começou a deixar de ser sazonal e elitista para se tornar mais voltada para as tendências e responder à cultura jovem, que estava a crescer com a geração “baby boomer”.
A Democratização do Estilo (1960–1970)
A década de 1960 trouxe mudanças culturais dramáticas, movimentos de direitos civis e o florescimento das subculturas juvenis. Essas décadas marcaram o aparecimento da roupa "pronta para usar" (prêt-à-porter), afastando-se da roupa feita por medida ou de alta costura.
A moda jovem emergiu como uma força poderosa, com tendências mudando rapidamente. A música, a arte e a política influenciaram o estilo. Casas de moda e designers começaram a criar linhas de baixo custo para o mercado em massa.
A mini saia, o movimento hippie e a era punk refletiram rebeldia e individualidade—exigindo mudanças de estilo mais rápidas e respostas dos produtores. A produção de roupas começou a deslocar-se para países em desenvolvimento, onde a mão de obra era mais barata—preparando o terreno para a terceirização (outsourcing) global.
Nascimento do Modelo de Fast Fashion (Final dos anos 1970–1980)
No final dos anos 1970, os comerciantes começaram a perceber que as pessoas já não compravam roupas apenas quando necessário, mas cada vez mais para seguir as tendências que mudavam rapidamente. Essa mudança foi acelerada por melhorias na logística global e no transporte aéreo, permitindo uma rotação mais rápida de stock e cadeias de produção mais curtas. Marcas como Zara (fundada em 1975) e H&M (que entrou nos mercados internacionais no final dos anos 70) começaram a experimentar a integração vertical—controlando tanto o design quanto a produção para responder rapidamente às tendências. A tecnologia tornou a replicação do design mais rápida e barata. Os comerciantes agora podiam analisar os dados de vendas em tempo real e ajustar a produção de acordo.
Ascensão das Marcas de Fast Fashion
As décadas de 1980 e 1990 viram o aparecimento de marcas de fast fashion como Zara, H&M e Forever 21. Estas marcas revolucionaram a indústria da moda ao adotar um modelo de produção rápida que podia responder rapidamente às tendências e demandas dos consumidores. Estas marcas ofereciam coleções de roupas acessíveis inspiradas nas criações de alta costura. Elas conseguiram isso simplificando suas cadeias de produção, terceirizando a produção para países de baixo custo e fabricando roupas em grandes quantidades.
Globalização e Outsourcing
Nos anos 2000, a globalização da cadeia de produção da moda foi mais longe, com as marcas a subcontratar a produção para países com custos de trabalho mais baixos e regulamentações menos rigorosas. Isso levou à expansão de centros de fabricação de vestuário em regiões como a Ásia, particularmente China, Bangladesh e Vietnã, onde a produção intensiva por mão de obra podia ser realizada em grande escala e a baixo custo, gerando preocupações sobre a exploração do trabalho, condições de trabalho precárias e degradação ambiental nos países onde as roupas eram produzidas.
Expansão e Dominância no Mercado
As marcas de fast fashion rapidamente expandiram a sua presença global, abrindo lojas nas principais cidades ao redor do mundo e lançando plataformas de comércio eletrónico. Os seus preços acessíveis, a rotação frequente do stock e a ênfase em estilos modernos atraíram um amplo público consumidor. Estas marcas tornaram-se em algumas das maiores e mais lucrativas empresas da indústria da moda, exercendo grande influência sobre o comportamento do consumidor e moldando a maneira como as pessoas compram roupas.
Ascensão do E-commerce
Nos anos 2000, houve um rápido crescimento do e-commerce, com o surgimento de gigantes do retalho online como Amazon, eBay e Alibaba. As marcas de moda rápida aproveitaram a popularidade crescente das compras online expandindo sua presença nas plataformas digitais, oferecendo acesso conveniente às suas coleções e impulsionando as vendas por meio de promoções e descontos online.
Redes Sociais e Marketing
O aparecimento de plataformas de redes sociais, como o Instagram, Facebook e YouTube, transformou a maneira como as tendências de moda são disseminadas e consumidas. As marcas de moda rápida aproveitaram o marketing de influência e a publicidade nas redes sociais para promover os seus produtos, cativando consumidores e criando campanhas de marketing viral que aumentaram a demanda pelas suas coleções.
Fashion Week e Tendências
A ascensão da Alta Costura, na verdade, surgiu na década de 1850 em Paris, quando Charles Frederick Worth abriu a primeira casa de alta costura usando modelos ao vivo para apresentar as suas criações em Paris, que depois se espalhou para outras grandes capitais da moda, como Nova York, Londres, Milão e Paris, que continuaram a moldar tendências e influenciar as preferências dos consumidores. As marcas de moda rápida aproveitaram a rápida rotação das tendências, replicando rapidamente os looks das passarelas e oferecendo versões acessíveis aos consumidores, permitindo-lhes manter-se na moda sem gastar muito.
Inovação Digital e Avanços Tecnológicos
Avanços na inovação digital e na tecnologia, como impressão 3D, ferramentas de design digital e experiências virtuais, transformaram os processos de produção da indústria da moda e aprimoraram a experiência de compras online para os consumidores. As marcas de moda rápida adotaram essas tecnologias para agilizar operações, reduzir custos e oferecer experiências de compra personalizadas.
Preocupações com a Sustentabilidade e Ética
Na década de 2010, houve uma crescente conscientização sobre os impactos sociais e ambientais da fast fashion, gerando exigências por maior transparência e sustentabilidade na indústria. Documentários como “The True Cost” destacaram questões como exploração de trabalhadores, desperdício têxtil e poluição ambiental, levando a um aumento na fiscalização das marcas de moda rápida e suas práticas de cadeia de produção.

De modo geral, a história da fast fashion reflete a evolução da cultura do consumidor, da tecnologia de fabricação e das cadeias de produção globais na indústria da moda. Embora o fast fashion tenha democratizado o acesso a roupas da moda, também levantou questões importantes sobre as suas consequências sociais e ambientais. À medida que a indústria continua a evoluir, há um movimento crescente em direção a alternativas mais sustentáveis e éticas e, em resposta à crescente consciencialização do consumidor, algumas marcas de fast fashion têm se esforçado para aprimorar as suas práticas de sustentabilidade, como a implementação de programas de reciclagem, o uso de materiais ecologicamente produzidos e a adoção de políticas éticas de fornecimento.

Abraçando Alternativas: Um Futuro Além da Fast Fashion
À medida que cresce a consciência sobre as consequências ambientais e sociais da fast fashion, uma onda de alternativas conscientes começou a surgir. Movimentos como slow fashion, upcycling, lojas de segunda mão, produção local e modelos de economia circular estão a capacitar os consumidores a fazerem escolhas mais conscientes. Marcas comprometidas com transparência, trabalho ético e materiais sustentáveis estão a redefinir o que a moda pode ser.
A Vestya Shop tem orgulho de fazer parte dessa mudança. Ao oferecer roupas feitas por encomenda, produzidas apenas quando solicitadas, usando tecidos orgânicos e reciclados, e apoiando artistas independentes, reduzimos o desperdício, promovemos a criatividade e priorizamos a saúde do nosso planeta. A nossa missão vai além de vender roupas—queremos iniciar o diálogo, aumentar a consciencialização e co-criar uma cultura de moda mais responsável. Juntos, podemos escolher melhor e vestir a expressão dos nossos valores.

Para uma leitura mais aprofundada do assunto repleta de detalhes interessantes, segue este link com excertos ou compra o livro Worn: A People’s History of Clothing por Sofi Thanhauser.
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